Luto Coletivo j303l

Quando acontece uma grande tragédia como o avião com o time do Chapecoense inevitavelmente nos questionamos sobre a morte e o luto.

Apesar de sabermos que a morte é inevitável, também sabemos que é inevitável não sofrermos com a morte.

O luto é um processo para elaboração da perda que pode ser devido uma morte, mas podemos sentir diante da perda de um emprego, de um amor ou de algo querido. Nessa fase os sentimentos são intensos e podem oscilar entre saudades carinhosas, negação, raiva, solidão, medo, ansiedade e até mesmo sintomas físicos como “nó” na garganta, aperto no peito, vazio, dores pelo corpo.

O processo de luto dura em média de 06 meses a 01 ano, mas se o processo continuar intenso após esse período é considerado luto patológico e é necessário a ajuda profissional com psicoterapia e em alguns casos medicação.

Em tragédias, como a ocorrida, temos o luto coletivo, situação que envolve um sentimento coletivo de perda. Por se tratar de um desastre aéreo que envolve jovens, cheios de vida em busca da realização de um sonho, isso faz com que as pessoas vivenciem suas próprias tristezas e o sentimento de frustração da não concretização de um sonho.

Quando vivenciamos o luto coletivo experenciamos também o luto privado, muitas de nossas perdas são exteriorizadas nesse momento, é como se nossas dores “pegassem carona” na dor do outro. Isso acontece porque muitas vezes não nos permitimos sentir e viver nossas perdas, nossa cultura entende o chorar e o sofrer como fraqueza. E esse entendimento como fraqueza qualquer manifestação de sofrimento traz muitos prejuízos.

Um prejuízo comum em pessoas que não demonstram suas emoções, são as doenças psicossomáticas. 

Por mais difícil e dolorido que seja, viver o luto é fundamental para o crescimento e enfrentamento da perda.

Existem alguns livros que podem ajudar a compreender melhor esse processo: Sobre a Morte e o Morrer (Elisabeth Kubler-Ross) e Morte e Desenvolvimento Humano (Org. Maria Júlia Kovács) e muitos filmes: Um dia, PS Eu te amo, A culpa é das Estrelas, Lado a Lado entre outros.

Monica Soares, Professora universitária, Psicóloga, psicoterapeuta, Especialista em educação e terapia sexual, aluna especial do Programa de Mestrado em Sexualidade-USP.