Quando se faz política com o fígado, a coisa não acaba bem. Quem é do ramo há muito tempo sabia que duas sessões na Câmara às terças-feiras não iam funcionar. Uns deram 90 dias para que o novo sistema começasse a desmoronar. Não levou nem um mês. Terça-feira (10) Paulo Pauléra (PP) pediu a primeira alteração. O vereador deixa de ser obrigado a permanecer 100% do tempo em Plenário e fica autorizado a permanecer 70% na sessão, mas nos outros 30% ele tem que ficar na Casa. Outra mudança autoriza os vereadores a votarem apenas 70% dos projetos da pauta, sem a perda de remuneração de 1/15 avos (R$ 400) como no projeto original, assinado por Cláudia de Giuli (MDB). Sabe-se, no entanto, que o projeto foi uma criação coletiva às pressas.
Não deu certo
O projeto que alterou horários da antiga sessão tinha o objetivo de atingir dois vereadores: Rento Pupo (PSDB) e Robson Ricci (Republicanos). Não deu certo. Os dois se arranjaram, mudaram os horários de trabalho e resolveram seus problemas pessoais. Esta coluna havia previsto que os mais prejudicados com as mudanças seriam aqueles que propam mudar para acertar esses dois alvos da oposição. Não deu outra. O primeiro o para mudanças mais profundas, foi dado com o projeto do Pauléra, e as novas alterações já estão sendo articuladas. A sessão começava às 15h, às terças. aram a ser duas às terças nos seguintes horários: das 9h às 13h e das 14h às 16h. Renato Pupo chama de sessões Leite Ninho e Mingau.
Trágico e irônico
Nas sessões do dia 4 (uma quinta porque a terça-feira caiu no feriado do dia 2) a insatisfação e o cansaço levaram os vereadores a realizar apenas a primeira parte da segunda sessão e pedirem vista (adiamento) de 8 itens. Quatro vetos e quatro projetos. Prevista para terminar as 18h, acabou pouco depois das 15h. Durante os debates, Pupo ainda propôs que os vereadores fossem autorizados a deixar a Câmara no período em que não são obrigados a permanecer na sessão. Foi voto vencido. Nesse momento, a ironia boiou no Plenário.
Ao esfarrapado
A vereadora Karina Carolina (Republicanos) que votou a favor das mudanças, pediu a Renato Pupo que apresente um projeto para que tudo volte a ser como antes (uma sessão a partir das 15h, às terças). Ouviu que ela deve pedir a outro vereador, uma vez que absolutamente nenhum dos projetos apresentados por ele, é aprovado. Exala um cheiro de acordo para que nada de Renato Pupo seja aprovado. Votaram contra até um requerimento no qual cumprimentava os voluntários e filantropos de hospitais, serviços sociais, cuidadores de crianças e idosos adoentados, pela agem do dia do voluntariado. Apenas porque estava assinado por Pupo. Na Câmara de Rio Preto, projeto tem capa. Onze vereadores denunciados por supostas práticas de rachadinhas em seus gabinetes (já arquivada para a maioria) decidiram que Renato Pupo tem culpa no cartório. Queriam ter sido avisados. Se fizesse, Pupo poderia ser vítima de uma ação istrativa na Polícia Civil, onde é delegado.
Pinto no lixo
O PL de Rio Preto está tão feliz como pinto no lixo. As maiores expressões do partido em Rio Preto aplaudem a chegada do presidente Jair Bolsonaro na legenda para a disputar da reeleição no ano que vem. Luiz Carlos Motta, Fábio Marcondes e Anderson Branco estão felizes. Anderson Branco se declara bolsonarista há anos, o primeiro da Câmara, diz, e fica lisonjeado em ser reconhecido como tal nas sessões. Conheceu o presidente e seu filho Eduardo cinco anos antes da eleição de 2018 pelas mãos do ex-senador Magno Malta. O maior problema dessa reengenharia fica por conta da relação bastante próxima entre Fábio Marcondes e o vice-governador, Rodrigo Garcia, (PSDB) que apoia João Doria, e que pode concorrer com Jair em 2022.
A tia puxou as orelhas das crianças
Professora da rede municipal de ensino, Adelaide Alves dos Santos Souza, usou a tribuna para falar sobre a suspensão do concurso público da educação, processo realizado em 2018 e pivô de grave crise política do governo Edinho Araújo com os educadores. Ao usar a tribuna, na última sessão, a profissional fez duras críticas aos parlamentares por causa do horário das sessões, que impediu a participação das professoras interessadas em debater o assunto na Câmara. “Elas (as professoras) trabalham. Estão fazendo o seu melhor e estão cuidando de crianças. Infelizmente não podem estar aqui porque o horário não permite”, criticou Adelaide.
Gama reassume TV Câmara
O jornalista Alexandre Gama é o novo coordenador da TV Câmara de Rio Preto. Assume no lugar da jornalista Thais Machado, que pediu demissão. A escolha ocorreu após uma consulta do presidente, Pedro Roberto Gomes, junto aos técnicos e jornalistas da Casa. Gama era o diretor antes que Pedro Roberto assumisse a presidência. Por questões políticas, decidiu-se pela troca. Mesmo assim, naquela oportunidade, os funcionários foram consultados e optaram por Gama. Mas o grupo político de Pedro não aceitou. O tempo, no entanto, se encarregou de dizer quem tem capacidade istrativa para istrar o canal legislativo. Gama é prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante da categoria em todo país. Quando ele foi trocado, Pedro e seu grupo temiam que ele fosse fiel ao ex-presidente Fábio Marcondes (PL), de quem é adversário. Gama é profissional e técnico.
Lixo?
Antes do anúncio do novo diretor, Pedro Roberto havia apresentado um projeto de Lei autorizando que técnicos com nível médio, mas especialistas em comunicação, e não apenas jornalistas, possam ser diretores da TV Câmara. A emissora tem um quadro reduzido de jornalistas. O projeto não andou agradando nem aos técnicos. Aguarda-se agora o destino dele. Lixo ou bomba? Ele pode deixar ser votado no final do mandato e, se aprovado, a a valer para o próximo presidente.
Pupo convoca
O vereador Renato Pupo teve que ceder e convocar o Procurador Geral do Município, Luiz Roberto Thiese, e o secretário da istração, Adilson Vedroni, para explicarem os motivos pelos quais a Prefeitura não convoca e decidiu não convocar os professores que foram aproados no concurso de janeiro de 2018. Ele tinha votado contra a convocação pedida pelo vereador João Paulo Rillo (Psol). Mas Odélio Chaves (PP), Karina Caroline (Republicanos) e João Paulo Rillo votarem pela convocação, ele mudou o voto e a acabou sendo por unanimidade. Pupo havia adiantado que as interrogações de Rillo podiam ser respondidas por escrito.
Cadê o ganso
Cláudia de Giuli MDB) anuncia que os animais exóticos que estão na represa vão ser doados e desaparecer do local. Pede que as pessoas não sintam falta e achem que estão matando patos, gansos e galinhas. O local é silvestre, reservado a animais desse bioma. Particulares acham bonito e levam patinhos, gansinhos e pintinhos domésticos para os predadores comerem.
Moura e o fio da navalha
O vereador Bruno Moura (PSDB) trouxe o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a Rio Preto na semana ada para cabalar votos na prévia do partido que vai definir o candidato à presidência. Uma jogada de mestre diante da investida do grupo de João Doria contra ele. Reuniu tucanos e outras aves raras. Leite, por ser PSDB, determinou um silêncio tumular, dos “calcinhas apertadas”, da cidade. Para embolar mais o meio de campo dentro do partido, Moura silenciou quando a pedido de Renato Pupo foi aprovada uma moção de aplausos ao deputado estadual, presidente da Assembleia e Rei de “VotuCity”, Carlão Pigntari, por ter feito gestões junto ao governo estadual para atrair programas importantes para a saúde, educação, infraestrutura e assistência social de São José do Rio Preto. Afinal, Moura quer sair ou ficar no PSDB? A resposta virá depois das prévias internas. E se der Eduardo Leite? Partidos enviaram representantes, mas o prefeito Edinho Araújo (MDB) por questões óbvias, não foi. Carlão é o autor do pedido para a expulsão de Bruno Moura.
