Enquanto todos estão voltados para a eleição presidencial e proporcional (deputados estaduais e federais) rola solto, mas silenciosamente, nas entranhas da Câmara, a discussão de uma outra eleição. A da presidência da Casa, que está ali, pertinho, dia 1º de janeiro de 2023. O grupo que compõe a base do prefeito fala à boca miúda que não deseja que a cadeira seja ocupada por Paulo Pauléra (PP), tido no Executivo como candidato natural. Embora haja novato ciscando atrás de apoios, o nome do grupo, até agora, é o de Jorge Menezes (PSD). O perfil e temperamento de Jorge é o que leva a maioria do grupo a acreditar que ele é o nome ideal para a cadeira.
Da paz
Menezes foi presidente da Casa no biênio 2009/2010. Embora tenha começado com o pé esquerdo, declarando que teria trocado votos por cargos com outros vereadores, para ser eleito, e processado pelo promotor Sérgio Clementino nos primeiros dias da sua agem pela presidência, conseguiu sair ileso, e fez uma istração sem marolas. É certo que nos últimos anos ele nem sempre vota a favor do prefeito e chega a fazer algumas críticas. No entanto, é um vereador em quem se pode confiar e conhece todos os caminhos, com 20 anos de mandatos consecutivos. Terá que conquistar o maior eleitor do pleito, e que sequer vota, que se chama Edinho Araújo.
Nem começou
Para que esse seja o rumo da eleição para a presidência, a revelação da articulação com tanta antecedência, abre campo para reviravoltas. O (s) preterido (s) têm tempo para se articular. O certo, no entanto, é que a base do prefeito não vai cometer o mesmo erro da eleição ada, quando permitiu a eleição do opositor Pedro Roberto Gomes (Patriota). Até porque, com a adesão de Robson Ricci (Republicanos), a base do prefeito cresceu. Quem deu a vitória para Pedro Roberto foi Jean Charles Serbeto (MDB). As derrotas que o prefeito teve ao longo de 2021 foram impulsionadas pelo voto de Jean, depositado na oposição. O prefeito tem apenas dois opositores. Conseguiram tourear a base e provocar derrotas em momentos chaves para Edinho. Os primeiros sinais da mudança de lado de Ricci foram dados quando ele não pediu a prorrogação da CEI dos Transporte, que presidiu, e ao votar pelo fim da CEI das Terceirizadas.
Derrapada
A Procuradoria Geral do Município (PGM) e procurador chefe Luiz Roberto Thiese deram uma derrapada ao enviar Projeto de Lei Complementar que repõe a inflação de 11% nos salários dos servidores públicos municipais, para 2022. Eles incluíram um artigo (o 2º) que também concederia o mesmo percentual ao Chefe do Gabinete do Prefeito, ao Procurador-Geral do Município e aos Superintendentes de Autarquias. Depois, enviaram um substitutivo que muda a data base para 1 de fevereiro e suprime o tal artigo. A regra já está contemplada num outro projeto, que tramita, onde a correção salarial para esse grupo está prevista.
Soltou os cachorros
O vereador Bruno Moura (PSDB) foi com os dois pés em João Paulo Rillo (Psol), depois de ouvir do vereador psolista, que o tucano vota com o prefeito porque tem subvenção no projeto social Maquininha do Futuro. O projeto é de esporte e está presente em 3 regiões da cidade. Bruno disse que o projeto sobrevive com rifas e doações. Apenas um deles, itiu, recebe subvenção do município. Enumerou as seguintes frases: “Eu não sou político e nem vou virar político”, “lava a tua boca porque (o nome do projeto) não merece estar na sua boca”, “esse cidadão, o dia em que citaram a família dele, virou um bicho”, “tenha vergonha na cara”, “essa sua política já deu”, “a gente não invade terreno da Prefeitura”, “o senhor aprendeu com o (Guilherme) Boulos” e “enquanto eu estiver aqui, o senhor não vai fazer esse tipo de política”. Rillo respondeu que Moura não o intimida. E que vai continuar tocando o seu barco.
Cabo de guerra
João Paulo não economizou críticas ao secretário dos Serviços Gerais, Ulisses Ramalho (Patriota) que não foi prestar esclarecimentos na CEI das Terceirizadas. Não compareceu. Assim que soube que a CEI entrou na Justiça pedindo para que seja conduzido sob vara, emitiu nota afirmando que foi convidado e não convocado, e que está de férias. Rillo não perdoou e perguntou “do que o senhor está com medo? ”, imputando-lhe a pecha de “fujão”. JP Rillo disse que a ação de Ramalho foi orquestrada para esperar o fim do prazo da CEI, dia 14. E pediu rapidez da Justiça na apreciação do pedido. O vereador relatou ainda que a CEI descobriu que tem apenas um fiscal para cuidar de 14 empresas terceirizadas com uns 3 mil funcionários e outros tantos problemas, e que sozinho, ele não dá conta. A declaração é do próprio fiscal em depoimento à CEI. Parte das empresas é contratada pela secretaria de Ulisses. Ele disse que vai à CEI quando voltar das férias, dia 12, sábado. A CEI acaba na segunda-feira.
Pelo avesso
Cena inimaginável foi exposta pelo vereador Odélio Chaves (PP) durante a vinda do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) e do secretário estadual da Agricultura, Itamar Borges (MDB) para dois eventos: a transferência do aeroporto para a iniciativa privada e entrega de mais de cem veículos a Rio Preto e prefeituras da região. Odélio é opositor ferrenho de João Doria (PSDB) e avalizou críticas ao governador feitas por Cabo Júlio Donizete (PSD). Inclusive quando Doria foi chamado de “vagabundo” numa sessão. Em política, opositores não pegam carona em políticas públicas que são estabelecidas pelos seus adversários. Odélio publicou fotos, saudou a entrega dos veículos e expôs em seu Facebook. Como diria Gilmar Mendes, “tempos estranhos”. Ele também não deixou de agradecer a Deus pela ação do governo do estado.
À esquerda
Na semana que vem, Rio Preto recebe mais um desejoso de ser pré-candidato ao governo estadual. Aporta por aqui, Fernando Haddad (PT), militante que Lula deseja que dispute e vença a eleição. Essa semana já vimos os pré-candidatos à presidência e ao governo paulista do Partido Novo, Felipe D’Ávila e Vinicius Poit. Tiveram um bate-papo com a diretoria da Associação Empresarial e Comercial de Rio Preto (Acirp). No encontro, Felipe D’Ávila, metralhou Jair Bolsonaro (PL), Sérgio Moro (Podemos), João Doria, Rodrigo Garcia e Guilherme Boulos (Psol). Não sobrou munição. Como diria Legião Urbana, na música Faroeste Caboclo, “E é melhor senhor sair da minha casa”.
Branco, o “racista”
Ontem (10) Anderson Branco (PL) depôs em inquérito aberto pela Polícia Civil para apurar possível crime de racismo após repostar mensagem defendendo a ideologia de gênero em julho de 2021. Saiu do depoimento indiciado por racismo. A denúncia foi feita pelo Psol, Comunidade LGBTQI+, OAB local, Comunidade Negra e outros militantes da esquerda. O relatório segue para o Ministério Público. Branco tem fé que o MP arquive a denúncia e aceite a alegação que apenas defendeu “as crianças”. Na última sessão, Branco elogiou Bolsonaro pelo novo piso dos professores. Rillo lhe informou que o piso foi criado pelo ex-presidente Lula. Branco, então, perguntou porque Lula não deu o aumento, e emendou afirmando que o ex-presidente petista não acaba nada que começa, e que ele é “um ladrão que roubou quase um trilhão”.
A novela do assessor
O assessor parlamentar demitido por telefone pelo vereador Robson Ricci, ao ser informado da demissão, teria levado todos os documentos e anotações que juntava para a elaboração do relatório final da CEI dos Transportes. Um assessor do gabinete fala em “roubo de documentos públicos”. A CEI dos Transportes termina dia 14, segunda-feira. Para refazer tudo que teria sido levado, Ricci e os outros assessores trabalham dia e noite para reconstruir toda a CEI e entregar o relatório final.
Limpinho
Falando em funcionário, quem sofre com um “quase assessor” é o vereador Júlio Donizete (PSD). Ao ver que ficou fora das nomeações no gabinete de Júlio Donizete, o rapaz entregou ao delegado da PF fotos onde se vê a entrega de cestas básicas a quem teria prometido votar em Donizete. Tem até documento assinado em cartório com firma reconhecida por eleitor que jurou que votaria nele se recebesse uma cesta-básica. Donizete, nega, claro. Em política, uma promessa não cumprida quando supostamente se tem o rabo preso, é o mesmo que trair o companheiro ou a companheira. Valdemar da Costa Neto (PL) e dezenas de outros exemplos, são as provas vivas de que esse tipo de postura vira manchete de jornal.