O presidente Jair Bolsonaro (PL) desceu no aeroporto de Rio Preto, provocou um frenesi que não era visto por aqui desde sua campanha em 2018, para entregar a duplicação do trecho urbano da BR 153, em carro aberto, na carroceria de uma caminhonete. Estava acompanhado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (sem partido) e do presidente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), General Santos Filho.
Cobra verde. E amarela
A comitiva foi acompanhada de uma motociata com milhares de motos, divididas em dois grupos. O primeiro chamado de Vip e, o segundo, com o sugestivo nome de “Alfa”. A Polícia Militar por meio do helicóptero Águia estimou que a motociata teve 10 quilômetros de extensão e tomou as ruas e avenidas. Ao menos a direita rio-pretense saiu do armário.
Saiu calado
O cerimonial da presidência previu uma entrevista coletiva após a entrega da obra, mas o presidente saiu sem falar com a imprensa. Informados que o ministro Tarcísio de Freitas falaria em nome do presidente, os jornalistas ficaram decepcionados quando ele também deixou o local sem conversar com ninguém.
Casca grossa
Durante o evento cem por cento bolsonarista, o prefeito Edinho Araújo (MDB) foi hostilizado ao chegar, durante todo o seu discurso, e ao permanecer no palanque. Foi vaiado. Edinho faz parte do grupo que deve apoiar João Doria (PSDB) e, ao governo do estado, Rodrigo Garcia, também tucano. Os bolsonaristas não perdoam Edinho por sua atuação na pandemia de Covid-19 e os decretos que interromperam o funcionamento de muitos negócios. Casca grossa, o prefeito está acostumado a linchamentos desde quando foi correligionário de Franco Montoro e Ulisses Guimarães. Esse período já faz parte dos livros de história. Mesmo diante da reação negativa da plateia bolsonarista, Edinho foi até o fim em seu discurso no cerimonial
Nem tanto
Edinho fez o discurso possível diante da reação da claque bolsonarista, mas no evento que recebeu Rodrigo Garcia, seu discurso foi mais generoso. O clima não foi de confronto como o desta quinta-feira (24). Aos bolsonaristas, Edinho repisou que quando foi deputado em 2016 arrancou uma emenda da bancada dos federais paulistas do MDB na Câmara que garantiu R$ 100 milhões para a duplicação. Só faltou ele enumerar as vezes em que esteve em Brasília para falar com Tarcísio de Freitas e impedir a paralisação das obras na rodovia. Mesmo diante dos apupos, Edinho não “arregou” e falou o tempo que quis. No total, ao longo de todos esses anos, a duplicação custou perto de R$ 420 milhões. Foi orçada em R$ 120 milhões.
Índios
Na vinda de Rodrigo Garcia a Rio Preto, no palanque quase eleitoral, tanto quanto o de ontem com Bolsonaro, teve muito cacique e pouco índio. Ontem tivemos mais índios que caciques.
Democracia
Após a cerimônia na BR, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura distribuiu a nota à imprensa sobre as vaias que o prefeito ouviu, assinada por ele: “Vivemos em uma democracia e a manifestação é livre. O importante é que uma obra histórica foi entregue para beneficiar milhares de pessoas que utilizam a BR-153 em São José do Rio Preto depois de muitos anos de luta”.
Comunista
Um detalhe que incomodou parte dos bolsonaristas que acompanhou a cerimônia foi quando o presidente colocou uma camiseta vermelha. A peça de roupa é o uniforme do América e ele decidiu prestigiar o clube rio-pretense vestindo-a. Quem carregava bandeiras, detalhes ou adereços em verde e amarelo se espantou. O vermelho é a cor da Internacional Comunista (comunistas que definiam em reuniões internacionais os rumos do movimento e como ele devia atuar) desde o final do século 19, antes da Revolução russa, em 1917. Considerando o pé frio do presidente, o América que se cuide. Toda vez que Bolsonaro coloca a camisa de um time, ele perde o jogo.
Mar de Almirante
Em seu discurso, Jair Bolsonaro disse que o Brasil é um “transatlântico e que não dá para dar um cavalo de pau”.
Ir ou não ir
Embora Tarcísio de Freitas tenha dito durante palestra no Lide Noroeste Paulista, quarta-feira (23), de que deve acompanhar o presidente Bolsonaro e se filiar no Partido Liberal (PL), para ser candidato ao governo do estado de São Paulo, são fortes as negociações que podem levá-lo ao Republicanos. Em Rio Preto, visitou o presidente do diretório municipal, Diego Polachini, braço direito do presidente nacional, deputado Marco Pereira (Republicanos), que costura por de cima a filiação do ministro. O Republicanos já havia anunciado que estaria com Lula ou não apoiaria ninguém no 1º turno.
Consenso
Dois pronunciamentos na Câmara começam a dar a certeza que Rio Preto vai ter entre 21 a 23 vereadores na próxima legislatura, em janeiro de 2025. O primeiro, de Paulo Pauléra (PP) e o segundo do vereador João Paulo Rillo (Psol). Ambos, nas duas últimas sessões. É consenso, dentro e fora do legislativo, que a Câmara de Rio Preto, com 17 vereadores, não representa todos os diferentes grupos que formam o tecido social da cidade. Rio Preto já teve 21 vereadores. O que define, é o número de habitantes que o censo realizado pelo IBGE apontar. Já tem número para voltar a ter 21. Se formos mais de 500 mil habitantes, podemos ter 23 vereadores. O censo está sendo realizado. O aumento das cadeiras é consenso.
Na esteira
A discussão sobre a quantidade de cadeiras arrasta uma segunda discussão para o centro do debate. O salário dos vereadores. Nas duas últimas sessões, eles chegaram a citar várias cidades próximas e menores onde vereadores chegam a ganhar R$ 12 mil ao mês. Cidades do porte de Rio Preto chegam a pagar R$ 18 mil ao mês. O vereador Jean Charles Serbeto (MDB) revelou que os chefes de gabinete ganham mais que os vereadores e que subordinados que recebem mais que os chefes acabam criando problema. Hoje os vereadores recebem pouco mais de R$ 5 mil e, com descontos, pouco mais de R$ 4,5 mil.
Dando um trato
O novo diretor istrativo da Câmara, jornalista Luiz Roberto Zanatta, faz uma reforma na sala, antessala de imprensa e em um outro cômodo próximo à TV Câmara. O espaço vai abrigar os tradutores de libras. Hoje, sem um local fixo, eles ficam correndo atrás dos vereadores que começam para fazer a tradução. Serão vistos por uma janela no monitor.
Duas frentes
Após o STF apontar que a recomposição salarial aprovada pela Câmara para o prefeito, vice, chefe de gabinete e secretários é irregular, Edinho vetou o projeto e formou uma comissão para mexer nos pontos que o Supremo indicou como ilegais. A Comissão tem 120 dias. Ao mesmo tempo, a Procuradoria do Município entrou com um recurso para reverter a decisão que impede a correção. Sem ela, um grupo de funcionários que estariam ganhando mais que o prefeito, não conseguem o aumento. O salário do prefeito é o teto máximo que a Prefeitura pode pagar aos seus servidores. Hoje, em torno de R$ 18 mil.
11% em fevereiro
Edinho sancionou e foi publicado no Diário Oficial do Município a correção salarial de 11% para todos os servidores públicos municipais, e a recomposição do vale refeição. Com isso, os novos valores poderão ser pagos na folha de fevereiro.
Pelas orelhas
Renato Pupo, presidente da Comissão da Educação na Câmara, deu um puxão de orelhas na secretária de Educação, Fabiana Zanqueta, que se comprometeu a ir, mas faltou de audiência pública para discutir a condição da infraestrutura dos prédios das escolas municipais, do conteúdo que alguns alunos receberam e reclamaram e do piso dos professores. Zanqueta compareceu na última sessão da Câmara, pediu desculpas e disse que teve um problema fora da agenda. Ela itiu os problemas de infraestrutura e informou que a Secretaria montou uma força tarefa com servidores de várias áreas para acudir as escolas com mais problemas. Disse que são mais de 120 prédios e alguns, muito velhos.
Tapas e beijos
Zanqueta e o vereador João Paulo Rillo (Psol) discordam do valor do piso salarial dos professores PEB 1 (ensino fundamental) em Rio Preto. Ela diz que os professores do ensino fundamental já recebem o novo piso antes mesmo que ele fosse aumentado pelo presidente Jair Bolsonaro em 33%. O novo piso é de pouco mais de R$ 3.800,00. Ela explicou que aqui os professores recebem R$ 3,496,00, mais a gratificação remuneratória de R$ 410,00 por estar em sala de aula. O resultado é R$ 3.906,00. Ela indicou uma decisão do Supremo que autoriza o acúmulo da gratificação “remuneratória” como salário. Rillo, usando o mesmo acordão do STF, diz que é o oposto da interpretação da Prefeitura. A gratificação que não pode ser incorporada ao salário para efeito do piso, segundo ela, é a “indenizatória”. Rillo disse que a questão vai ser judicializada. Teremos que esperar a decisão, disse a secretária, encerando o assunto.
O aborto na Colômbia
Anderson Branco (PL) vai na onda do presidente Bolsonaro. Ele apresentou uma moção de repúdio à Colômbia por ter autorizado o aborto até 24ª semana de gestação. Sexto mês de gravidez.
Gato e rato
Branco tentou colocar João Paulo Rillo numa saia justa. Afirmou que ele apoiou o presidente Jair Bolsonaro por ter concedido o aumento de 33% no piso salarial dos professores. Rillo disse que quem apoiou o piso foi Bolsonaro e Branco, uma vez que ele foi criado pelo ex-presidente Lula. Não acaba nunca.