Projeto de cessão de imóvel público para a Organização Social Maquinha do Futuro istrado pelo vereador Bruno Moura (PSDB) na sessão de ontem (3) foi mais um momento “risca faca” na Câmara Municipal. João Paulo Rillo (Psol) denunciou que Moura estava sendo cooptado pelo Executivo ao ceder o imóvel. A partir daquele momento, segundo Rillo, Moura terá que votar a favor de todos os projetos enviados pelo prefeito, como forma de retribuir a benesse.
Momento crítico
O que provocou a grande discussão, com direito uso de termos como “falar merda” em plena Tribuna com TV ao vivo, é que um parecer da diretoria jurídica da Câmara afirma que o projeto é ilegal. Vereador e até parentes de 3º grau não podem receber nenhuma cessão de bem público da Prefeitura. Pode caracterizar, segundo Rillo citando entendimento do STF, compra de voto em Plenário. O projeto atende crianças com atividade esportiva na periferia.
Pinguim de Madagascar
Ao se referir ao Psol, Bruno Moura disse que o partido é uma “facção”. Ele tentava dizer “ficção”. A discussão do projeto de cessão do imóvel nem tinha começado. Ao defender a aprovação, Moura disse que não é dono do Maquininha do Futuro e que usa apenas para sorrir e sair na foto. “Lá eu sou o pinguim de Madagascar: poso para foto sorrindo. Lá a gente não ensina criança a invadir áreas e não acaba falando merda, fazendo ofícios e querendo saber das coisas”. O ataque de Moura ao Rillo pareceu gratuito e ascendeu o estopim.
Terra de capivara
Moura ficou indignado e disse que Rillo é que invade área pública e que só sabe atuar para fazer política eleitoral. Como resposta, ouviu de Rillo que não tem medo e que tem currículo e não ficha corrida (não explicou qual seria a ficha de Bruno Moura). A área pública ocupada por Rillo estava sendo usada para a construção de uma cozinha comunitária. Foi embargada pela prefeitura.
O monge e o sábio
Odélio Chaves (PP), o sábio, leu um trecho de um Código afirmando que o projeto é legal e que a cessão pode ser. Foi contestado por outro item do mesmo Código lido pelo advogado Renato Pupo (PSDB) onde está expresso que, quando se trata de um vereador, a cessão está proibida e fere a ética e a moralidade. No caso, tem que ser feita chamada pública (licitação). Leis ilegais votadas em sessão adas já deram muita dor de cabeça para quem votou a favor. Incluindo perda de patrimônio pessoal.
Legalistas mudos
Pupo afirmou que é vedado ao vereador a cessão e considera-se improbidade. Isso porque Moura participa da istração do projeto. A decisão do STF que diz que é ilegal é de 2020, segundo Rillo. Ele acusou os legalistas (Odélio Chaves e Jean Charles) de se calarem diante da falha do Executivo.
Ciscando
Começou quinta-feira (3) a janela partidária. Até 3 de abril qualquer pessoa com mandato pode se transferir do partido em que está sem perder o mandato ou sofrer qualquer punição. Os olhares estão voltados para o deputado federal Geninho Zuliani (União Brasil). Tem gente no PSDB que jura que ele vai se transferir para apoiar Rodrigo Garcia (PSDB). Ele nega veementemente. Na verdade, se ele perder o controle do União Brasil no estado, a mudança é quase irreversível.
Bolsonaristas de esquerda
Odelio Chaves, o sábio, ficou indignado e perguntou para onde nossa sociedade está caminhando ao ser vaiado e chamado de esquerdista na entrega do trecho duplicado da BR 153. “Eu nunca fui de esquerda”. Realmente, quem fez essa crítica é um ignorante político. Foi questionado por João Paulo Rillo em quem votou na eleição de 2018 e disse que é o presidente Jair Bolsonaro que imprime esse comportamento junto aos seus seguidores. Rillo só faltou dizer que Odélio votou em Bolsonaro, e que também é responsável pelo ódio que os seguidores do mito babam. Na verdade, toda a base aliada do Edinho está sendo tratada como esquerdista pelos bolsonaristas.
Solidariedade no palanque
Vários vereadores se solidarizaram com o prefeito Edinho Araújo (MDB) pelo constrangimento que sofreu durante sua presença na inauguração da obra. Principalmente, porque ele foi responsável pela continuidade da obra sem nenhuma interrupção e por uma emenda de R$ 100 milhões para a sua conclusão. Ela custou um total de R$ 420 milhões. Apenas Rillo disse que homem público está sujeito a vaia. Geninho Zuliani também se solidarizou com Edinho pelas redes sociais.
Narco abortivo
O presidente da Colômbia, Ivan Duque Márques, não deve ter dormido de ontem para hoje. Após propor moção de repúdio a ele por ter liberado aborto até a 24ª semana (6º mês) de gestação, Anderson Branco (PL), na sessão da tarde, foi apoiado e teve uma sucessão de oradores que mandaram bala, sempre com um discurso religioso e não de saúde pública. Começou com Jean Charles Serbeto, ou por Odélio Chaves, o sábio, chegando na vereadora Karina Caroline (Republicanos).
Diabólico
Anderson Branco (PL) foi indiciado pela Justiça por crime de racismo e homofobia, após publicação no Facebook e Instagram. A imagem compartilhada por ele foi descrita pelo Ministério Público como sendo “um ser diabólico, monstruoso, representado pela mão negra, fraca e deformada, com unhas grandes e antebraço colorido com as cores que representam a comunidade LGBTQIA+, prestes a atacar uma família tradicional, composta de um homem, uma mulher e duas crianças, sendo essa mão contida, de forma heróica, por outra mão, esta de cor branca, superior, máscula, forte e bem delineada”.
Intrigante
A primeira denúncia apresentada no MP foi a de um professor da Unesp, marido de um juiz da cidade. Representante declarado da comunidade LGBTQIA+, o depoimento dele deixa margem para uma interpretação intrigante: dias antes, o prefeito Edinho Araújo apoiou a causa nas redes sociais devido ao mês em comemoração ao orgulho gay, comemorado em junho. A postagem de Branco seria para combater o prefeito, diz o professor. São as contradições de um bolsonarista na base do prefeito. Branco disse à Gazeta após o indiciamento que “está vivendo o seu pior momento”.
Mundo LGBTQIA+
A representação contra Branco juntou ainda as digitais de um abaixo assinado online aberto por coletivos ligados à causa gay. Ele foi assinado e anexado ao processo com s de brasileiros do mundo todo, como Peru, Portugal, Espanha, EUA, Argentina, Uruguai e Reino Unido.
Coletivas
O Psol inovou na eleição ada e quase elegeu uma candidatura de um coletivo, autorizado pela primeira vez pela Lei Eleitoral a disputar uma eleição. O chamado “Coletivas” teve 2.697 votos, e é representado pela professora de história e psicóloga Jéssica Oliveira (Psol) e conta com a participação de Bruna Giorjani Arruda, Luciene Franciele Falsoni e Priscilla Bernardes. Rillo vai se licenciar por 30 dias para que elas assumam o mandato temporário.
Sussurro
Enquanto a Câmara Federal aprova projetos impopulares após às 23h, para evitar desgastes, em Rio Preto se articula à luz do dia o aumento de 17 para 25 cadeiras na próxima legislatura do Legislativo, que começa dia 1º de janeiro de 2025. Cidades com mais de 450 mil habitantes (Rio Preto tem 469 mil) podem ter até 25 vereadores e salários de até 60% do holerite de um deputado federal. Se acontecer, vai para mais de R$ 15 mil. Precisa ver quem terá a coragem de colocar o guizo no gato.