Por ora, João Doria fez uma jogada de mestre no tabuleiro político nacional. Anunciou que ia abandonar a candidatura à presidência por causa de um complô de grupos ligados a Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB). Sua saída implodiria o PSDB, que não conseguiria mais se recompor para a disputa nacional. Blefou e, aparentemente, levou. À tarde, após a direção nacional garantir que ele é o candidato à presidência, sem rasteiras, decidiu manter a candidatura e anunciou afastamento e a partir do dia 2 de abril Rodrigo Garcia é o novo governador do estado de São Paulo. No evento em que Doria teve o seu Dia do Fico, 619 prefeitos dos 645 do estado estavam presentes. Inclusive Edinho Araújo (MDB) de Rio Preto.
Dominado
Se ele abandonasse de fato a candidatura, Rodrigo Garcia iria para o União Brasil. Uma fonte do diretório estadual do União Brasil afirma que Rodrigo podia entrar, mas não teria a legenda para a disputa ao governo estadual. O União deve apoiar Tarcísio de Freitas (PL) e indicar o vice. A Garcia, restaria a disputa para deputado federal. Ia trombar com o seu fiel escudeiro, Geninho Zuliani (União Brasil). A paisagem mudou ao longo do dia. Nesta sexta-feira (1) o novo governador do estado, Rodrigo Garcia vem à Rio Preto.
Ver para crer
Se abandonasse a candidatura à presidência, João Doria afirma que não seria candidato à reeleição ao governo do estado e ia bancar a candidatura de Garcia à sua sucessão. Rodrigo sabe que, sem desincompatibilização de Doria, sem a cadeira e a caneta como governador tampão por seis meses, não teria a visibilidade e o holofote que o cargo dá, e não ia conseguir escalar nas pesquisas e ser competitivo. Garcia anunciou que ia pegar o boné. Mas, o trem voltou aos trilhos. O dia, ontem, teve bem mais que 24h.
Tudo como antes
As víboras do PSDB também podem estar apenas movendo as peças. O candidato à presidência, pode ser definido até o final de junho. Após o dia 2 de abril ninguém mais pode entrar ou sair para ser candidato em outro partido. Com a promessa do diretório nacional, Doria se desincompatibiliza, fica sem mandato, e pode se fragilizar ainda mais caso não cresça nas pesquisas. A conspiração contra Doria pode ser retomada. Mas ele deixou claro que, se for abandonar, será uma decisão pessoal e não por causa de uma conspiração. No caso, desincompatibilizado, mesmo se for traído lá na frente, não tem retorno ao cargo de governador, e Rodrigo pode dormir tranquilo.
Na província
Qual vai seria o impacto em Rio Preto? O prefeito Edinho Araújo (MDB) tem um acordo com Doria e Rodrigo. O MDB não teria um nome para a disputa estadual. Especulou-se ao longo do dia qual seria o caminho de Edinho. Se concentraria nos candidatos locais a deputados que o apoiam ou costuraria um novo acordo após os restos da guerra autofágica dos tucanos? Talvez se concentrasse nas candidaturas do MDB local e ficasse à vontade para os palanques estadual e nacional. Agora, tudo como antes no quartel de Abrantes.
Moro de tocaia
O ex-juiz e ministro da Justiça Sérgio Moro desiste da candidatura presidencial pelo Podemos e se filia ao União Brasil. A desistência vem depois que o grupo do DEM no União Brasil anunciou não quer que ele seja candidato à presidência. É a maioria no diretório nacional. Manda. Na verdade, ele acredita que até junho sua candidatura pode ser recolocada. Ou pode ser indicado a vice numa coligação. É o jogo sendo jogado.
Ditabranda
O vereador Jean Charles Serbeto (MDB) disse que não houve ditadura a partir de 1964 porque havia eleição para prefeituras de cidades médias e pequenas e que todos os parlamentos eram eleitos pelo povo. Se esqueceu de dizer que a ditadura, ao perder a maioria na eleição para o Senado em 1977, fechou o Congresso Nacional. Sem um único voto, o presidente general Ernesto Geisel nomeou 21 senadores biônicos (tínhamos 21 estados) numa canetada, manteve a maioria e reabriu as duas Casas. Havia democracia, desde eles continuassem mandando nas decisões do parlamento.
A lá Putim
Disse também que houve excessos e barbaridades dos dois lados. Ponto para ele. Mas se esqueceu de lembrar que aos agentes do estado cabe agir dentro da Lei, observando o Estado de Direito, que foi rasgado. O Estado de Direito pede prisões com mandato judicial, julgamentos e punições legais. Não consta que crimes cometidos por civis autorizam prisões sem mandato, tortura física, psicológica, estupros e fuzilamentos sumários nas dependências das três armas e delegacias políticas, como no Dops e Operação Bandeirantes.
Censor Federal
Não havia censura? Havia concurso público para Censor da Polícia Federal. Antes de todo programa de TV tinha a imagem de um Certificado do Departamento Nacional da Censura Federal que era lido para toda a nação. Os jornais tinham censores nas redações. No Brasil inteiro, espetáculo de teatro só estreava após uma sessão exclusiva para o Censor. Cortava o que queria e cedia o mesmo certificado que ser exposto como um Alvará de Funcionamento, antes das apresentações.
Libras não é para cegos
Os intérpretes de libras que acompanham os vereadores no plenário e na tribuna aram por uma situação cômica. Ao fazer uso da tribuna, Karina Caroline (Republicanos) reparou na interpretação de um dos profissionais. Toda entusiasmada, ela começou a descrever a cor da sua roupa e algumas características básicas para que a intérprete “traduzisse” as falas para a linguagem de sinais. Gafe. Libras é para surdos, não para cegos.
Sem casa
Francisco Júnior (União Brasil) ainda é do DEM porque não houve comunicação oficial de formação do diretório do partido em Rio Preto. Algo meramente burocrático, mas que acaba confundido a cabeça de quem acompanha o Legislativo de perto. Parece que está no limbo partidário. Talvez essa seja mesmo a intenção às vésperas da eleição.
Abortista
Foi possível ouvir pela transmissão da TV Câmara o momento em que a vereadora Cláudia de Giuli (MDB) chamou Jéssica Coletivas (PSOL) de “abortista”. As duas parlamentares entraram numa discussão paralela que não tinha nada a ver com o assunto. Vale uma denúncia no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar? Não daria em nada. O colegiado se cuida e cuida dos seus.
Surpreendeu
O vereador que entra mudo e sai calado e que, muitas vezes, tem posturas ligadas à extrema direita, chamou a atenção por causa do posicionamento nesta semana. Sem alarde, Júnior se posicionou a favor da moção de repúdio ao aniversário do Golpe de 64 e também contra o Marco Temporal. Postura anti-bolsonarista inesperada.
Sem Centrinho
Notícias que correm de boca em boca na Câmara anunciam que o vereador Odélio Chaves (PP) deixou o chamado Centrinho, que era formado por Cabo Júlio Donizete (PSD) e Bruno Moura (PSDB).
Fábio reverte
Fábio Marcondes, secretário de Esporte (PL), reverteu sentença que o condenou a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais ao Rio Preto Esporte Clube por postagem em rede social. O Tribunal Especial diz que, embora haja críticas, ele não cita ninguém. Agora, Fabio Marcondes deve receber, em vez de pagar. Filigranas jurídicas.
Se ofendeu
A ex-vereadora Jéssica Oliveira (Psol), do Coletivas, se sentiu ofendida e exposta por duas notas publicadas por esta coluna. Exige direito de resposta. Ex-vereadora, o caminho usado não está dentro da legalidade, segundo o advogado especialista na área, Luiz Roberto Ferrari. Ele foi o Jurídico do maior jornal impresso de Rio Preto durante 30 anos. Na notificação extrajudicial que a senhora enviou com a pretensão de publicar “duas erratas”, diz que foi exposta quando foi informado que chorou quando teve Projeto que propõe a criação de um grupo para evitar suicídio, adiado. A nota teria sido escrita porque o autor é “homofóbico” (sic) e reproduz o padrão machista contra as mulheres no espaço de poder e de decisão política.
Mão no fogo
Diz ainda que a coluna “falseou” com a verdade ao afirmar que o adiamento do projeto foi uma represália porque uma das coo-vereadoras, na Galeria, chamou o vereador Anderson Branco (PL) de “fascista”. A senhora estava de costa para a Galeria. Creio que quem foi “falseada” foi a senhora. O autor tem fontes em quem confia na Câmara Municipal desde 1981. Disse ter 34 anos. O autor tinha 7 anos de profissão quando a senhora nasceu. Confio nas minhas fontes, que não me enganaram e são sagradas para um jornalista. Reafirmo todo o conteúdo publicado. Voltei a consultá-las e a informação foi reafirmada. O doutor Ferrari afirma que as notas não ofendem nem expõem. A senhora estava investida de uma função pública.
Na estrada
Na última sessão itiu que se descompensou ao longo do mês e que entendeu que na Câmara não se deve levar nada para o lado pessoal. Como fez ao chorar e se expor sozinha, sem a ajuda de nenhum jornalista. Ao chamá-la de “menina” eu apenas cometi uma gentileza. Já o fiz com a Luciana Fontes, presidente do seu partido, e ela me corrigiu dizendo que “não era menina”. O que a senhora podia ter feito, dentro das relações institucionais, sem enviar áudio descompensada, sugerindo que este jornalista é misógino. À época, expliquei à Luciana que eu tinha 63 anos e fazia isso com todas as pessoas mais novas. Chamo os homens de”meninos”. Hoje tenho 65. São 41 ininterruptos de profissão.
Estruturalmente, machista
Sobre o “machismo estrutural” do qual acusou o autor, vou lhe responder da mesma forma que fez seu amigo de partido, João Paulo Rillo, ao ser acusado pelo mesmo motivo. Na Tribuna, ele disse mais ou menos isso: “Sou sim. Assim como todos os homens criados nessa estrutura cultural. Temos que ser reeducados.” Sobre sua heroica militância pelas pautas identitárias, vou lhe dar um pequeno cheiro. Aos 17 este autor foi militante da tendência Liberdade e Luta – Libelú (depois O Trabalho), coordenada em Rio Preto por Luiz Carlos Galvão. Fui do grupo que fundou o PT em Rio Preto. Sou anterior ao Marco Rillo, que, à época, era do PMDB. A diferença é que eu militava na clandestinidade e estávamos em uma ditadura, que a senhora não conheceu.
Confusão
Embora comungue de algumas ideias defendidas pela esquerda, não sou mais. O tempo e a estrada curaram este autor. Eu não confundo identitarismo com luta de classe. O que a senhora faz. Identitarismo é um termo neoliberal, criado pelo imperialismo norte-americano ao decidir impor o padrão e o modo de vida daquela sociedade através da dominação cultural, com um braço chamado “Hollywood”. O autor da coluna é único jornalista da cidade a defender por anos 23 vereadores para abrigar as lutas identitárias de mulheres, negros, homossexuais e outras minorias. Seu amigo de partido e militância sabe disso. Pergunte a ele.
Trágico
Ao longo da semana, tentei conseguir imagens das câmeras de segurança internas na Câmara para provar o que a senhora nega, uma vez que eu não vou abrir as minhas fontes nem no Poder Judiciário. Infelizmente descobri que, embora as câmeras existam, não há imagens gravadas. Na quinta-feira (31) Pedro Roberto (Patriota), presidente da Câmara, disse que existem poucas câmeras e que providencia licitação para resolver o problema.
Volta
O comportamento de Jéssica como mulher pública teria sido risível se, na verdade, não tivesse sido trágico. Uma representante eleita e paga pelo povo, levou as derrotas para o lado pessoal e, sim, chorou por causa disso e disfarçadamente, tenta censurar um jornalista com uma desculpa que não para em pé. Volta João Paulo. Mesmo não comungando com todas as suas posições, dá aula de como ser oposição. Sozinho, já colocou a maioria dos vereadores de joelho várias vezes ao longo do último ano.
Concurso
Nesta quinta-feira, concursados que foram aprovados para cargos no município realizaram um protesto em frente à Prefeitura exigindo que sejam chamados. A Procuradoria Geral do Município (PGM) cita uma Lei que impede a contratação nesse momento.
Indenização e máscaras
Artigo do site jurídico Conjur informa que o artigo 255 da Constituição Federal garante ambiente salubre aos funcionários e frequentadores e indica que o uso de máscara é obrigatório em locais fechados. O Tribunal tem sentenciado quem descumpre, a pagar gordas indenizações. Com a palavra, o vereador Bruno Moura (PDB), responsável pelo projeto Maquinha do Futuro.