Diferentemente da audiência pública realizada por Jonathan Santos (Republicanos), na condição de presidente da Comissão de Direitos Humanos – que levou alguns secretários do governo à Câmara há alguns dias –, o encontro da última quarta-feira (4) foi realizado como reunião promovida pela Frente Parlamentar de Acompanhamento do Atendimento Especializado à População em Situação de Rua. Porém, o resultado foi quase o mesmo.
Destaque
Na condição de presidente da Frente Parlamentar, Jonathan Santos deu o microfone para o vice-prefeito Fábio Marcondes (PL) tentar apaziguar a revolta dos moradores do bairro Boa Vista. A estratégia foi usar o dom de oratória do ex-vereador para amenizar os estragos causados pelo então secretário de Assistência Social, Frederico Izidoro, e pelo de Segurança Pública, Márcio Cortez. No entanto, a tentativa não convenceu.
Desabafos
Moradores que puderam falar, não economizaram críticas aos representantes do governo. De “mentiroso” a “cara de pau”, ando por “canalha” e “sem educação”, sobraram adjetivos para definir os secretários. Porém, apesar do assunto ser outro, o tom era um pouco diferente. A população queria ouvir apenas a decisão do prefeito Fábio Candido (PL) em não mandar o Centro Pop para lá. Saíram cheios de promessas – e sem respostas.
Apresentação
Jonathan Santos se pôs à frente do encontro e apresentou dados levantados pela gestão anterior, mostrando o censo e o perfil dos moradores em situação de rua da cidade. Ali não havia informação nova. Quando Marcondes assumiu o microfone, afirmou que a Prefeitura agora trabalha para firmar parcerias com organizações sociais, com foco no atendimento dos moradores de rua, sem custos para o poder público.
Explicações
Ainda segundo Marcondes, o que está definido pela Prefeitura, até o momento, é que, nos próximos 30 dias, serão realizados estudos sobre a viabilidade da mudança do Centro Pop para outro local. “Esse levantamento é que vai definir se o Centro Pop irá para o Boa Vista, ou Santa Cruz, ou Eldorado ou qualquer outro bairro. Com esses dados em mãos, o prefeito é quem vai decidir o destino do Centro Pop”, afirmou Marcondes.
A solução
Não foram detalhados metodologia ou responsáveis pelo levantamento. O anúncio, inclusive, contradiz o que o próprio prefeito já havia falado anteriormente: que existiria um estudo técnico comprando a viabilidade da mudança do Centro Pop para o Boa Vista. Embora o prefeito tenha feito a afirmação, nenhum documento foi apresentado. É de fazer sair fumaça das orelhas de qualquer um que sabe pensar.
Sem foco
Não foram só os moradores do bairro que falaram. Os vereadores presentes também puderam falar – não sem antes exigirem o direito de fala, já que o encontro estava sendo dominado por Marcondes. João Paulo Rillo (PSOL) puxou a fila e Alexandre Montenegro (PL) seguiu. Os objetivos, no entanto, eram diferentes. Enquanto Rillo queria falar, Montenegro exigia respostas claras e definitivas.
Lacração
Montenegro mostrou ali que realmente não está no barco do governo. Ele cobrou uma resposta de Marcondes de forma efusiva, chegando a não dar tempo de resposta, aos gritos e com uma postura relativamente intimidadora. Por outro lado, Marcondes não esboçou qualquer reação que indicasse intenção de se defender. O vice-prefeito apenas desviava o olhar, aparentemente bastante constrangido com a situação.
Cobrança
Em entrevista coletiva após a reunião, o Marcondes afirmou que o prefeito cobrou uma contrapartida do grupo Assaí para a instalação da unidade na cidade. “Eles vão lucrar aqui, e nada mais justo do que colaborarem de alguma forma”, declarou. A afirmação não soou nada bem para alguns empresários, que interpretaram como uma espécie de “pedágio” cobrado pela Prefeitura para permitir a entrada de novas empresas na cidade.
Balanço
A Frente Parlamentar foi reaberta a pedido do prefeito para barrar a criação de uma I sobre o tema na Câmara, e os vereadores da base aliada não esconderam isso. A reunião desta semana trouxe a perspectiva de uma estratégia de abrir espaço ao governo e tentar limpar a péssima imagem deixada pela reunião anterior. Marcondes foi o escolhido para fazer esse papel. Agora, resta aguardar os resultados de tudo isso.
PPPs
Está publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (5) a contratação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) para realizar uma avaliação sobre a viabilidade de sistemas de cidades inteligentes, iluminação pública e videomonitoramento. O contrato, a cargo do secretário de Segurança Pública, foi firmado por meio de dispensa de licitação, no valor de R$ 696 mil. O levantamento está relacionado ao projeto Smart Rio Preto.
Mais impostos
Durante a abertura da 23ª Semana do Meio Ambiente, o prefeito anunciou que vai instaurar a cobrança de taxa do lixo. Para tentar escapar das críticas, Fábio Candido explicou que o imposto é um apontamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que já tem estudos sobre valores, e que a cobrança deve entrar em vigor em breve. Para amenizar o desgaste, o prefeito ainda anunciou obras antienchente e de drenagem em córregos.
Coronel Haddad
Apesar do esforço do prefeito em não levar a culpa por mais uma taxa que deve aparecer nos próximos meses – justificando que é coisa do TCE e que pretende fazer justiça social, isentando a população de baixa renda e tentando fazer justiça de valores com aqueles que produzem mais resíduos –, sobrou para ele. Montenegro, na sessão, falou que “o prefeito está aumentado a taxação do povo igual ao ministro Fernando Haddad”.
Sem paz
Um tumulto na última sessão, de terça-feira (3), ganhou rapidamente as redes sociais. O episódio começou quando Rillo tentava defender moções com temas referentes ao Governo Federal e foi interrompido por gritos de Jonarque Gomes de Andrade, presente nas galerias da Casa. Tida Vernucci e a ex-vereadora Celi Regina aram a chamar o homem de “fascista”. A partir de então, foi só ladeira à baixo.
Intimidação
Jonarque se irritou com as mulheres e foi ao encontro delas com uma postura claramente intimidadora. Precisou um homem, que estava sentado próximo, se levantar e impedir o encontro, que poderia ter terminado em agressão, já que os ânimos estavam visivelmente alterados. Jonarque foi candidato a vereador pelo Republicanos e recebeu 127 votos, se tornando um suplente na Câmara.
Retaliação
Os agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) agiram prontamente para evitar o confronto. Renato Pupo (Avante), Abner Tofanelli (PSB) e Montenegro saíram em defesa das mulheres, pedindo que o presidente Luciano Julião (PL) solicitasse a retirada de Jonarque do prédio. “Claramente, ele tentou intimidar quem está aqui, e há mulheres. Pela segurança delas, eu recomendo a retirada dele”, argumentou Pupo.
Chama o VAR de novo
Julião recorreu às imagens da sessão e de um vídeo feito por um morador que estava próximo ao local para constatar que a postura de Jonarque foi realmente intimidadora. Só então que o presidente solicitou que a GCM escoltasse o homem até o lado de fora do prédio. Diante da confusão, chamou bastante atenção o fato de Márcia Caldas (PL), única vereadora da Casa, permanecer em silêncio e não sair em defesa das mulheres.